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A resistência de quem vive como o alvo

Atualizado: 21 de mar. de 2020


#PraCegoVer [FOTOGRAFIA] Duas imagens uma ao lado  da outra, separadas por uma linha branca. A primeira mostra o personagem T'Challa (Chadwick Boseman) do filme Pantera Negra (2018), sentado em um trono, vestido com uma roupa preta bastante justa, um colar com unhas de pantera, ele está em frente a um fundo dourado. A segunda imagem é uma cena do filme acima mencionado em que há inúmeras guerreiras vestindo roupas em tons vermelhos e terrosos, havendo a frente Okoye (Danai Gurira), vestindo tons terrosos e laranja. Todas elas estão em um campo ensolarado manejadas de lanças.
#PraCegoVer [FOTOGRAFIA] Duas imagens uma ao lado da outra, separadas por uma linha branca. A primeira mostra o personagem T'Challa (Chadwick Boseman) do filme Pantera Negra (2018), sentado em um trono, vestido com uma roupa preta bastante justa, um colar com unhas de pantera, ele está em frente a um fundo dourado. A segunda imagem é uma cena do filme acima mencionado em que há inúmeras guerreiras vestindo roupas em tons vermelhos e terrosos, havendo a frente Okoye (Danai Gurira), vestindo tons terrosos e laranja. Todas elas estão em um campo ensolarado manejadas de lanças.

A História positivista, como a que é propagada no ensino formal, é repleta de apagamentos em relação ao povo negro. Sua cultura, auto-estima, força, religião e humanidade foram e infelizmente persistem sendo aspectos muito negligenciados há séculos em decorrência da visão eurocêntrica que submeteu esta população a anos de escravização e genocídio.


Isto concomitou em uma sociedade em que o racismo estrutural está institucionalizado, e como tal dificulta que pessoas negras se tornem e sejam representadas como cientistas, heróis ou guerreiros. Crianças negras crescem sem referências positivas, entravando a construção de uma autoestima saudável, autonomia e protagonismo.


Considerando a hegemonia branca da indústria Hollywoodiana das últimas décadas, um filme como o Pantera Negra (2018), dirigido e com o elenco composto majoritariamente por negros, demonstra muita resistência, representatividade e resgate da auto-estima daqueles que sofreram com tanta displicência.

O filme Pantera negra (2018) faz alusão ao movimento dos Panteras Negras - movimento radical na luta por direitos civis como liberdade, moradia, educação, fim da violência policial e encarceramento em massa da população negra.


Em meio a efervescência deste movimento em 1960 - Stan Lee criou os quadrinhos que basearam o filme - o personagem T'Challa (Chadwick Boseman) é a personificação de um herói que protege o povo de Wakanda - e sua cultura. Ele luta por dignidade e boas condições de vida para seu povo. Este, envolve-se em diversas batalhas para proteger a população da tirania, combates para reconquistar seu lugar de direito, garantido através de sua ancestralidade e uma luta individual para para descobrir-se e auto-afirmar-se. Além dele, sua irmã Shuri é uma cientista genial (Letitia Wright) e Okoye (Danai Guarira), uma exímia guerreira que o ajuda a proteger Wakanda.


Agora as meninas negras podem se inspirar em Shuri ou Okoye, assim como os garotos podem fazer o mesmo com T'challa. Negros podem ser cientistas, heróis, guerreiros e o que mais quiserem.

Que a luta dos Panteras negras não seja esquecida, nem o que eles alcançaram. Que persistam espaços para que produções como esta do universo Marvel possam existir e se multiplicarem.

A resistência que inspirou T'Challa, está presente nesta população. Este vem sendo um momento que o cinema, e tantas outras instâncias também serão espaços de negritude.


Filme utilizado: Pantera Negra, 2018 (Ryan Coogler).


Karolina da Silva Ávila,

Graduanda de Bacharel em Geografia (FFLCH/USP), Bolsista do projeto CineGRI 2019/2020


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