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Coringa e a negligência com as doenças mentais



#PraCegoVer [FOTOGRAFIA] : Homem parado em frente a um espelho com o rosto pintado como um palhaço, com as cores branco, azul e vermelho, vestido com uma camisa verde, um colete amarelo e um paletó vermelho. No espelho está escrito em vermelho “Put on

a happy face” (Coloque um sorriso no rosto, em tradução livre). Fonte: http://www.adorocinema.com/noticias/filmes/noticia-150859/


O filme Coringa (Todd Phillips, 2019) conta a origem desse vilão dos quadrinhos. Apesar

de ser um filme de super-herói, levanta a importante pauta da saúde mental, tema

que foi abordado na redação do ENEM deste ano.


Quando o palhaço profissional Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) tem seu tratamento psiquiátrico interrompido devido aos cortes de gastos do governo e sem ter a possibilidade de arcar com os custos com remédios e terapia, vemos como a negligência do Estado e a exclusão promovida pela própria sociedade ao não saber lidar com os diferentes colabora

para a piora de Arthur até se tornar o vilão Coringa.


Nos Estados Unidos cerca de 37% dos detentos possuem histórico de doença mental [1]. A falta de políticas públicas e centros de tratamento especializados acabam sobrecarregando o sistema carcerário do país. Além de serem taxadas como violentas e perigosas, as pessoas com transtornos mentais que não possuem condições de pagar pelo tratamento adequado, muitas vezes são encaminhadas para o sistema prisional, tendo em vista que os hospitais estadunidenses podem se recusar a receber pacientes sem condições financeiras.



#PraCegoVer [FOTOGRAFIA]: Imagem de uma mulher negra, com a boca entreaberta com a

legenda “Esta é a última vez que nos encontramos.” Fonte: https://hqscomcafe.com.br/2019/10/08/5-grandes-momentos-que-transformara

m-arthur-fleck-em-coringa/


Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 3% da população geral brasileira sofre com

transtornos mentais severos e persistentes [2] e graças ao Sistema Único de Saúde

milhares de pessoas têm acesso ao tratamento gratuito e de qualidade, com

profissionais especializados, como psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais,

enfermeiros e também acesso à medicação gratuita.


Seja em uma das unidades do CRAS (Centro de Referência de Assistência

Social), em AME’s (Ambulatórios Médicos Especializados) ou até mesmo no posto

mais próximo da sua casa, é possível ter acompanhamento psicológico totalmente

gratuito. Em 2001, a Luta Anti Manicomial conseguiu, com a Reforma Psiquiátrica,

mudanças no modelo de tratamento das doenças mentais e ao invés de isolamento,

foi aprovado que o convívio com a família e a comunidade seriam essenciais para a

reabilitação e tratamento dos pacientes.


É importante reforçar que Saúde Mental é uma questão de Saúde Pública,

também sendo necessário que essas pessoas sejam incluídas e amparadas pela

sociedade, a exclusão e o encarceramento dessa parcela vulnerável da população não são a saída. A defesa e proteção do SUS é papel de todos. Se o tratamento de Arthur não tivesse sido cortado, talvez o desfecho da história fosse completamente diferente.


Gabriela Bucalo

Bolsista CineGRI Ciclo 2020/2021 e Graduanda em Geografia (FFLCH-USP)



Referências bibliográficas:


[1] ORAZÉM, E. Saúde mental nos EUA: enquanto hospitais negam pacientes, cadeias nunca dizem não. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2020/12/23/saude-mental-nos-eua-enquanto-hospitais-negam-pacientes-cadeias-nunca-dizem-nao>. Acesso em: 10/02

[2] Saúde Mental. Disponível em: <https://pensesus.fiocruz.br/saude-mental> Acesso em: 30/01







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