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A diversidade em cartaz em Hollywood

Atualizado: 21 de mar. de 2020


#ParaCegoVer [Fotografia]: Duas imagens lado a lado divididas por uma linha branca, a primeira é de uma cena do filme "Us" (Jordan Peele, 2019) que mostra a personagem Zora Wilson (Shahadi Wright) encarando a câmera com uma expressão boquiaberta e olhos arregalados olhando para algo. A segunda é do filme "Crazy Rich Asians" (Jon M. Chu, 2018), na qual a personagem principal Rachel Chu (Constance Wu) aparece centralizada na imagem com um vestido de festa, e com várias pessoas com roupa de gala ao seu redor. Fonte imagem 1: https://www.thefourohfive.com/film/article/us-review-what-happens-when-our-shadows-run-free-and-what-the-hell-is-with-the-rabbits-155

Desde a sua criação, o cinema reúne pessoas e, como a arte, funciona como catalisador da expressão humana. Hollywood contribuiu para que o cinema fosse difundido no mundo através das grandes distribuidoras e estúdios. Sua hegemonia é notável, visto que grande parte dos filmes que dão lucros e são conhecidos pelo grande público vêm dela, os chamados "filmes comerciais". Apesar disso, essa indústria ainda é gerida por pessoas brancas, seja produzindo ou atuando. Isso resulta na existência de muitas polêmicas envolvendo whitewashing, termo utilizado para se referir a casos em que atores/atrizes brancos/as interpretam personagens de outras etnias, que reforçam muitas questões problemáticas acerca de representatividade - ou da falta dela. Por outro lado, a produção de filmes como “Crazy Rich Asians” (2018, Jon M. Chu) e “Us” (2019, Jordan Peele) atestam certa mudança nesse quadro.


O primeiro filme, Crazy Rich Asians, é uma comédia que tem um elenco inteiramente asiático-americano e acompanha a professora de economia da NYU, Rachel Chu (Constance Wu) que viaja para Singapura, cidade natal de seu namorado, Nicholas Yong (Henry Golding), para acompanhá-lo no mega casamento de seu melhor amigo – e conhecer sua família. O segundo filme, Us, é um terror que apresenta uma família afro-americana como protagonista. Na trama, Adelaide (Lupita Nyong’o) e Gabe (Winston Duke) levam a família para passar um fim de semana na praia e descansar. Eles começam a aproveitar o ensolarado local, mas a chegada de um grupo misterioso muda tudo e a família se torna refém de seres com aparências iguais às suas.


Os dois filmes foram aclamados pela crítica e pelo público e tiveram bons números de bilheteria. Isso é importante pois mostra que o público está aberto à diversidade nos filmes e em diferentes gêneros. Via Vogue Brasil, a protagonista de Crazy Rich Asians, Constance Wu, destaca que, para ela, um ponto importante é que o filme mostra a cultura asiática num cenário contemporâneo ao invés de partir para as dinastias chinesas ancestrais – como visto exaustivamente em várias sequências protagonizadas por Jackie Chan e em filmes como 'A Grande Muralha' (Zhang Yimou, 2015), por exemplo. “Isso aproxima as pessoas. É um filme que representa a inclusão”.


Além disso, os dois filmes contam com elementos culturais importantes para diferentes grupos étnicos, representando a ocupação de espaços que tradicionalmente ou se apropriaram e distorceram muitas de suas tradições e traços culturais, ou simplesmente não os aceitaram. Em uma entrevista no Upright Citizens Brigade Theatre, Peele reforça esse sentimento ao dizer "Uma das melhores e maiores peças dessa história, é sentir que somos nós desta vez - um renascimento aconteceu e provou que os mitos sobre a representatividade na indústria são falsos". Essas produções são importantes para legitimar seu espaço na indústria e deixar de lado, mesmo que ainda timidamente, narrativas opressoras e de grupos dominantes. São passos pequenos para essa indústria, mas que podem inspirar e reforçar a luta de milhares de pessoas ao redor do mundo contra a hegemonia branca no cinema.


Filmes Utilizados: Us (Jordan Peele, 2019); Crazy Rich Asians (Jon M. Chu, 2018).


Mateus Pontes Ruivo

Graduando em Educomunicação (ECA/USP) bolsista do Projeto CineGRI (2019-2020).



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