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Covid-19 e seu impacto no sul global

Atualizado: 24 de jan. de 2022

Em 2007 chega aos cinemas “O Nevoeiro”, um filme dirigido por Frank Darabont, como uma adaptação do conto de Stephen King. Na trama, após uma terrível tempestade em uma cidade pequena no interior do Maine, David (Thomas Jane) e seu filho vão até o mercado para abastecer sua casa, temendo por uma catástrofe maior. Até que uma nevoa espeça cheia de criaturas horripilantes (que mais parecem ter saído de um conto de H. P. Lovecraft) ameaça a cidade e força os protagonistas a ficarem isolados dentro do estabelecimento. Parece familiar, não é mesmo?



#ParaTodosVerem: poster do filme "O nevoeiro" de 2007, apresenta um grupo de pessoas aparentemente apreensivas paradas na lateral da imagem, cercadas por um nevoeiro. No centro baixo da imagem há o nome original do filme em inglês "The Mist" em letras brancas e o logo da produtora no canto direito. Disponível em: https://culturaintratecal.com/2010/08/15/o-nevoeiro-2007/amp/


Desde de 2019 o mundo tem enfrentado uma ameaça invisível. O vírus SARS-CoV-2 se espalhou pelo globo, deixando quem podia, dentro de suas casas. Assim como no filme, enfrentar algo que não se pode ver pode ser ameaçador. Mas hoje, a ameaça maior não se trata de tentáculos ou insetos gigantes, tão pouco o vírus em si, mas sim, a ignorância, propagada em forma de desinformação. Se trata de um problema mundial, mas que tem atingido principalmente os países menos desenvolvidos do hemisfério sul.

Dentre os casos mais extraordinários, está o do presidente da Tanzânia John Magufuli, que propositalmente negou o uso de mascaras, vacinas e a contagem dos casos de Covid-19 no país. Acreditando que muita reza poderia salvar a população. Atos semelhantes têm aparecido em Madagascar, Burundi e África do Sul.


Aqui no Brasil, a postura do governo federal tem se mostrado com bastante dúvida acerca da eficácia das vacinas. O presidente Jair Bolsonaro publicamente tem negado o uso de máscaras e afirma que não pretende se vacinar, apesar de supostamente ter contraído a doença tempos atrás. Segundo a lista do Lowy Institute, o país ficou em 98º lugar entre os que melhor conseguiram lidar com a pandemia, atrás de outros países da América do Sul como Chile e Bolívia.


Em “O Nevoeiro”, durante o desenrolar da história, vemos que o medo começa a tomar conta daquelas pessoas simples e que elas mesmas acabam aceitando as próprias explicações para os acontecimentos. Dentre os personagens, a Sra. Carmody (Marcia Gay Harden) acaba roubando a cena em vários momentos. Uma fanática religiosa que age como portadora da verdade e impõe o medo sobre as pessoas, acreditando fielmente que aqueles acontecimentos se trata de um castigo divino e que ela seria uma espécie de profeta. Claro que é um exagero, como toda obra de ficção, mas não seria difícil criar alegorias para os últimos acontecimentos na vida real. Visto que entre os países subdesenvolvidos, a falta de instrução e divulgação científica é algo frequente devido a administração torpe por parte dos governos e, de fato, contribuíram para a propagação da doença.


O fanatismo, o culto cego, a ignorância e o egoísmo se tornam os grandes inimigos no filme, tão perigosos quanto as criaturas retratadas no longa. Pouco a pouco vai tomando conta da cabeça das pessoas, a não ser daquelas que tentam enxergar tudo por um lado mais racional, como David.


“O Nevoeiro” nos mostra que o medo e o ódio podem ser usados para solucionar crises humanas e, no final, os piores monstros se tornam as próprias pessoas.


Matheus Cosmo

Graduando em Rádio e TV.


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