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Crianças refugiadas e a pandemia




#PraCegoVer [fotografia]: No lado esquerdo da imagem há uma menina negra de aproximadamente um ano. Ela usa um capuz rosa com bolinhas brancas e uma camiseta branca com bolinhas amarelas, azuis claras, rosas e laranjas. A bebê está com uma expressão de surpresa olhando a mulher que está no lado direito da foto, segurando ela. A mulher é negra e usa uma máscara branca e uma camiseta laranja com flores desenhadas. Ao fundo, existe uma mulher desfocada observando a cena.


De acordo com dados coletados pela Agência da Organização das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) em 40 países, a taxa de crianças refugiadas com acesso à educação sofreu queda durante a pandemia da Covid-19. Segundo a agência, o número de jovens refugiados matriculados no nível secundário (do 6° ano do fundamental até o 3° ano do ensino médio) não passou de 34%. Essa realidade acaba restringindo o acesso desses jovens à saúde, alimentação, segurança e ao trabalho, todos considerados direitos básicos.

Essa é a vida que vive o protagonista Abu (Abraham Atta), em “Beasts of No Nation'' (2015), um longa-metragem produzido pela Netflix que retrata a vida de uma criança africana capturada e forçada a viver como soldado durante uma guerra civil. Sendo privado de sua liberdade e do direito à infância, Abu é transformado em uma máquina de guerra pelo personagem denominado Comandante (Idris Elba).

O filme, ao não nomear o país no qual se passa e nem dar muitas informações sobre o contexto da guerra, acaba por focar nas mudanças psicológicas do personagem principal, muito afetado pela realidade violenta, pela falta da família e pelo amadurecimento forçado.




#PraCegoVer [fotografia]: No lado esquerdo da imagem há um menino negro de aproximadamente 9 anos olhando para a esquerda com o canto dos olhos e apresenta uma expressão de sofrimento. Ele usa uma espécie de chapéu retalhado nas cores amarela, vermelha, azul e verde, um colar amarelo e verde e em seu ombro existem algumas folhas de árvore num tom verde claro. A parte visível de sua camiseta é bege. Atrás dele, do lado direito da fotografia existe um homem negro desfocado com a expressão séria. O homem segura uma arma em sua mão esquerda. Ele usa uma espécie de chapéu verde e um colete bege. Ao fundo da imagem existem árvores desfocadas.

Assim como Abu, as milhares de crianças que vivem no meio de guerras perdem suas infâncias para os conflitos diariamente e, quando conseguem fugir de seus países de origem, não têm seus direitos básicos assegurados. A pandemia evidenciou e agravou esse problema. Se antes os jovens refugiados enfrentavam o descaso dos governos, a crueldade dos conflitos e a barreira criada pelos idiomas, agora também são deixados de lado quando se trata de medidas sanitárias e acesso ao ensino online.

As crises econômicas de diversos países, que foram fortemente agravadas pela pandemia, também acabaram refletindo na infância dessas crianças. Usando como exemplo o Brasil, as classes mais baixas da sociedade, a qual pertence boa parte da população refugiada, foi a que mais sofreu com o desemprego, com o aumento da taxa de fome e com a falta de assistência governamental em todos os aspectos. Também foi a que mais teve mortes decorrentes de Covid-19, não tendo acesso a máscaras de qualidade, leitos de hospital, respiradores e, muitas vezes, nem mesmo a um velório.

Essa mesma camada da população passou (e ainda passa) pela dificuldade de acesso às aulas online e liderou o aumento da taxa de evasão escolar. Morando em lugares onde falta internet e até mesmo energia elétrica, acompanhar as aulas se tornou mais um desafio na vida de muitas dessas crianças. Em outras ocasiões, a dificuldade também se dava por conta da dinâmica doméstica (ou dos abrigos) que passou a prejudicar o tempo de estudo dos jovens.

Diante disso, fica evidente como a realidade das crianças refugiadas foi ainda mais prejudicada com o avanço da pandemia pelo mundo. Se antes o acesso a uma infância segura era difícil, a Covid-19 surgiu como mais uma barreira a ser enfrentada, colocando-as à margem de nossa sociedade. Infelizmente, os impactos desse retrocesso serão refletidos no futuro desses jovens, que, além de serem forçados a amadurecer prematuramente, enfrentarão dificuldades no ingresso ao ensino superior e na inserção no mercado de trabalho formalizado, tendo, mais uma vez, seus direitos negados pela sociedade.



Mariana Monteiro

Graduanda em Geografia na FFLCH - USP.



Referências bibliográficas:

MELO, Karina. Pandemia gera queda de matrículas de refugiados. Agência Brasil, 2021. Disponível em: < https://agenciabrasil.ebc.com.br/educacao/noticia/2021-09/pandemia-gera-queda-de-matriculas-de-refugiados >. Acesso em: 14 de outubro de 2021.


Protegendo as crianças mais vulneráveis do impacto do coronavírus: uma agenda de ação. Unicef, 2020. Disponível em: < https://www.unicef.org/brazil/protegendo-criancas-mais-vulneraveis-do-impacto-do-coronavirus-uma-agenda-de-acao >. Acesso em: 14 de outubro de 2021.


PRESSE, France. Pandemia pode reduzir acesso de crianças refugiadas à educação , diz Acnur. G1, 2020. Disponível em: < https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/09/03/pandemia-pode-reduzir-acesso-de-criancas-refugiadas-a-educacao-diz-acnur.ghtml >. Acesso em: 14 de outubro de 2021.



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