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A “mamata” acabou?

Atualizado: 24 de jan.



#ParaTodosVerem [FOTOGRAFIA]: Boneco inflável gigante da imagem de Jair Bolsonaro, com a faixa presidencial. Do lado inferior direito há uma bandeira do Brasil, e algum cartaz ilegível. Ao redor desse cenário, há muitas árvores.


"Dark Money" é um documentário estadunidense de 2018, dirigido por Kimberly Reed, sobre o grande papel do dinheiro corporativo nas eleições dos Estados Unidos. O filme explora uma decisão judicial no estado de Montana que permitia o livro financiamento de campanhas eleitorais por empresas e as implicações dessa decisão, tal como o privilégio de pessoas com dinheiro nas deliberações políticas, dado que aquele candidato eleito com o patrocínio de uma determinada empresa, durante o seu mandato, seguirá os desejos dessa corporação.


No Brasil, a doação de empresas para candidatos é proibida desde 2018, o que não significa que a prática não aconteça. Durante a eleição presidencial de 2018, Jair Bolsonaro, sem partido, declarou 2,5 milhões de reais em doações, entretanto, uma reportagem do jornal Folha de São Paulo mostra que empresas compraram pacotes de disparos em massa de mensagens contendo fake news contra o Partido dos Trabalhadores, legenda do então maior adversário de Bolsonaro, Fernando Haddad, no WhatsApp. Os pacotes chegaram a custar 12 milhões de reais cada. Os valores, além de não terem sido declarados pela equipe de Bolsonaro, são ilegais [1].


Três anos depois, no 2021 pandêmico de Bolsonaro, eleito sob o lema de anticorrupção, mais denúncias surgem. Ao longo da pandemia, o governo federal gastou cerca de 23 milhões de reais com propaganda de tratamento comprovadamente ineficaz para Covid-19, com os medicamentos hidroxicloroquina e ivermectina, o chamado “kit Covid”, cuja movimentação no mercado aumentou 550%, cerca 550 milhões de reais. Entre as empresas que lucraram com o comércio está a Apsen, cujo dono é Ricardo Spallicci, bolsonarista convicto [2].


Mais recentemente, o nome de Bolsonaro também esteve envolvido no escândalo de corrupção nomeado “Rachadinha”, em que assessores de deputados devolviam seus salários aos participantes do esquema, no qual o presidente era responsável pela cobrança dos pagamentos ilegais [3]. Para completar, o governo federal também está envolvido em um plano de superfaturamento na compra de vacinas [4].


O brasileiro que assiste Dark Money (2018), é levado imediatamente à situação política atual, um verdadeiro espetáculo de corrupção. O atual presidente, que se vendeu como um exemplo de transparência e lealdade com o povo, é, na realidade, aliado de grandes corporações e visa apenas o próprio benefício. O filme, apesar de documental, poderia se confundir sem problemas com um suspense jornalístico e sua denúncia nunca esteve tão atual.



Mariana Ramos

Graduanda em Ciências Sociais (FFLCH – USP) e bolsista do Projeto CineGRI.


Referências bibliográficas:

[1] Quem financia e quanto custa a campanha de Bolsonaro no WhatsApp?. Carta Capital, 2018. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/empresarios-bancaram-campanha-anti-pt-pelo-whatsapp-diz-jornal/ Acesso em: 09.07.2021.


[2] GUSSEN, Ana. O que há por trás do lobby de Bolsonaro pelo uso da cloroquina. Carta Capital, 2021. Disponível em: https://www.cartacapital.com.br/politica/o-que-ha-por-tras-do-lobby-de-bolsonaro-pelo-uso-da-cloroquina/ Acesso em: 09.07.2021.


[3] Corrupção provada: áudios mostram que Bolsonaro é o 01 do Rachadão. Site do PT, 2021. Disponível em: https://www.pt.org.br/corrupcao-provada-audios-mostram-que-bolsonaro-e-o-01-do-rachadao/ Acesso em: 09.07.2021.


[4] "Estamos há dois anos e meio sem corrupção", afirma Bolsonaro. Correio Braziliense, 2021. Disponível em: https://www.correiobraziliense.com.br/politica/2021/07/4936260-estamos-ha-dois-anos-e-meio-sem-corrupcao-afirma-bolsonaro.html Acesso em: 09.07.2021


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