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Autoritarismo, Primavera Árabe e revolução inacabada

Atualizado: 4 de mai de 2020



Fonte: Uol Notícias


#PraCegoVer [Fotografia]: Na parte inferior esquerda vemos um aglomerado de cabeças em meio a certa escuridão, enquanto que no canto superior esquerdo vemos um feixe de luz amarelado iluminando parte desse todo que se encontra mais espaçada.


A transição de um regime autoritário para um regime democrático é sempre um processo complicado, podemos observar isso aqui mesmo, no Brasil. Nossa jovem democracia foi restabelecida em 1985 quando houve a primeira eleição direta após longos anos de ditadura militar. Ainda hoje ela sofre com sequelas de seu período de autoritarismo e por diversas vezes é abalada.


Se em nosso país, onde possuímos mais liberdade política e ideológica em relação ao oriente médio, foi - e ainda é - um árduo processo para garantir a democratização do governo e as liberdades individuais, não seria diferente nos países onde houve a chamada “Primavera Árabe".


O movimento que se iniciou na Tunísia em dezembro de 2010 com a derrubada do ditador Zine El Abidini Ben Ali parecia germinar flores tão fortes capazes de se estenderem para diversos países vizinhos, como: Líbia, Egito, Argélia, Iêmen, Marrocos, Bahrein, Síria, Jordânia e Omã; era de fato uma primavera.


O caso do Egito foi retratado muito bem no documentário "18 dias de revolução inacabada" (Jon Alpet, 2011 transmitido pela HBO. O longa metragem narra o retorno do jornalista Sharif Abdel Kouddous, que vive há anos nos EUA, para seu país. Ali o ditador Mohammed Hosni Mubarak esteve durante 30 anos no poder estabelecendo leis rígidas para continuar nele, leis como por exemplo, a que proibia mais de três egípcios de se reunirem em público.


Diversos foram os fatores que contribuíram para a insurreição popular no Egito, como o “reacendimento” das tensões religiosas do país após a morte de 21 cristãos na explosão de uma igreja na cidade de Alexandria. Os egípcios também reivindicavam o fim da ditadura de 30 anos e desejavam a transição do governo para a democracia, ou seja, a abertura política.


A sociedade egípcia vivia sob a imposição política de Mubarak. Os principais motivos das manifestações populares foram os altos índices de desemprego, o autoritarismo do governo ditatorial, os altos índices de corrupção, a violência policial, a falta de moradia, a censura à liberdade de expressão, as péssimas condições de vida e a solicitação do aumento do salário mínimo.


Após os protestos na Tunísia darem certo a população se motivou a ir contra o governo iniciando os protestos de 18 dias pedindo a renúncia do ditador. Onde não podia haver mais de três egípcios, na praça pública de Tahir - a mais famosa do país - agora havia milhões, clamando em uni som a destituição do poder de Mubarak. Em meio ao protesto haviam idosos, jovens e crianças, alguns gritavam "... Mubarak, por quanto você vendeu o Egito?". O jornalista filmava as escondidas a realidade do país, completamente desigual (já que é proibido por lei filmar ali). Segundo o documentário, mais de 40% da população sobrevivia com menos de 2 dólares por dia, sem direito à saúde básica nem educação.


Os protestos foram cruciais para destituir o ditador que renunciou no 18° dia. As primeiras eleições após este estopim foram no dia 28 de novembro de 2011. Entretanto, como o Egito é um país dividido por tensões religiosas que segregam a população atualmente a democracia deles ainda sofre riscos. Para se consolidar todas as mudanças apenas nove anos não foram suficientes, mostrando assim que a revolução está, como diz o nome do documentário, ainda inacabada.


Lucas G. de Oliveira


Graduando em Letras (FFLCH-USP) e bolsista do Projeto CineGRI Ciclo 2019/2020.

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