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Obscurantismo Moderno: o impacto da desinformação na saúde.

Tendo seu início no Brasil em 1904, com a vacina contra a varíola, a vacinação no Brasil teve diferentes níveis de interesse populacional ao decorrer dos anos. Como um exemplo de fracasso em campanhas vacinais temos a “Revolta da Vacina”, evento ocorrido em 1904 em que a população revoltada pela obrigatoriedade de vacinação contra a varíola, aliado a uma política truculenta de aplicação e falta de informação sobre o procedimento levou a população da cidade do Rio de Janeiro a se amotinar contra as autoridades, negando a vacinação. Porém, ao decorrer do tempo também houveram casos de sucesso em campanhas de saúde pública, como é o famoso exemplo da campanha de vacinação contra a poliomielite, representada na famosa figura do “Zé Gotinha”.


#ParaTodosVerem: imagem de propaganda televisiva da campanha de vacinação contra a poliomielite com a figura do “Zé Gotinha” como garoto propaganda. O “Zé Gotinha” se encontra na cozinha, em frente a uma geladeira aberta.

Disponível em: https://www.bio.fiocruz.br/index.php/br/comunicacao/casa-ze-gotinha


De acordo com Marcolino (2008), ainda que o modelo de caderneta de vacinação já estivesse implantado no Brasil na década de 80 e fosse de extrema importância para o aumento nos números de vacinados, a popularização só atingiu grandes proporções quando foram adotadas estratégias de campanha e a criação dos dias nacionais de vacinação no Brasil.


Com isso podemos fazer um paralelo sobre como campanhas voltadas para a informação sobre vacinação tem maior eficiência do que imposições para a população, ainda que seja de extrema importância para a sociedade como um todo o melhor é divulgar as informações de forma eficaz e permitir a livre escolha da população em se vacinar ou não.


Porém, nos últimos anos cresceu a divulgação de informações inverídicas sobre diversos assuntos envolvendo temas como saúde, tudo em função da forma com que a internet permite que pessoas com opiniões parecidas se encontrem e compartilhem conteúdo sem algum tipo de controle de informações falsas que podem vir a educar erroneamente quem busca informações sobre determinado assunto.


De fato, a internet trouxe uma disseminação de conhecimento enorme e permitiu que diversas pessoas tivessem acesso a um mundo de informações que antes seria de difícil acesso por questões de logística e tecnologia, porém o impacto que a reunião de informações falsas e, potencialmente nocivas, no caso de informações que atestam que vacinas causam doenças ou que não são eficazes contra vírus, por exemplo, podem fazer com que uma parte da população e até mesmo em maior escala, uma parte do mundo, sofra consequências desastrosas.


Desde o começo da pandemia do COVID-19 o mundo enfrentou diversos tipos de informações inverídicas sobre o vírus, sobre tratamentos, vacinas, propósito do vírus, et cetera. Tudo isso só propiciou para aumentar os níveis de transmissão e mortes, fazendo com que o vírus demorasse a ser controlado e que diversas outras variantes fossem criadas.


Um dos maiores exemplos de como a desinformação e fake news trazem problemas de saúde pública é o caso da vacinação nos Estados Unidos. Um dos países que mais investiu precocemente em vacinas desde o começo da pandemia. A infraestrutura e logística do país permitiria que os mesmos tivessem níveis de vacinação maiores que o brasileiro, por exemplo, que teve problemas com logística, compra e distribuição desde o começo da aplicação das doses.


Grande parte desse problema se deve aos Estados Unidos serem um dos países em que mais existem movimentos antivacina desde sempre, como esse trecho de uma matéria de 2014 revela:


“Surtos de doenças como sarampo, caxumba ou coqueluche costumam ser associados a países pobres da África ou da Ásia, onde grande parte da população não tem acesso a vacinação e cuidados médicos. No entanto, nos últimos anos essas doenças vêm ressurgindo com força nos EUA. Somente no ano passado, foram registrados mais de 24 mil casos de coqueluche no país…

O fenômeno vem chamando a atenção de especialistas, que relacionam muitos dos surtos ao movimento antivacina, encabeçado por pais que decidem não vacinar seus filhos por motivos que incluem o temor de efeitos colaterais que prejudiquem a saúde da criança.”




Disponível em: https://www.google.com/search?q=Vacina%C3%A7%C3%A3o+estados+unidos&oq=Vacina%C3%A7%C3%A3o+estados+unidos&aqs=chrome..69i57j0i433i512l2j0i512j0i433i457i512j0i402l2j0i433i512j0i512j0i433.3123j0j4&sourceid=chrome&ie=UTF-8#colocmid=/m/09c7w0&coasync=0


Lucas da Silva Kairoff- Administração FEA-USP


Indicação de Filme:


Dilema das Redes.


Filme de 2020, produzido pela Netflix, tem como objetivo principal fazer uma análise contemporânea das redes sociais e o âmbito da influência delas nos meios de cultura, política, democracia e sociedade. Em forma de documentário, o longa traz profissionais de tecnologia da Califórnia para darem suas opiniões, fazerem previsões e contarem um pouco sobre como é a forma que é construída os indicadores das redes sociais e seus complementos de mídia e algoritmos.


CORRÊA, Alessandra. Movimento antivacina gera surto de doenças nos EUA, BBC NEWS BRASIL, Nova York, 2014. Disponível em: https://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/02/140221_vacinas_doencas_dg Acesso em: 16/03/2022


MARCOLINO, Rafaela Ricardo Santos. Os Recursos Teatrais Como Estratégia nas Campanhas de Mobilização Social - Estudo de Caso: Campanha Zé Gotinha, Curitiba, p. 7, 2009. Disponível em: https://portaldeperiodicos.unibrasil.com.br/index.php/cadernoscomunicacao/article/view/2029. Acesso em: 16/03/2022



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