#PraCegoVer [FOTOGRAFIA]: Gado de corte com expressão abatida atrás das grades do pasto onde é criado seu rebanho, em seu corpo está a imagem do planeta terra, onde aparece o continente americano e oceanos pacífico e atlântico, com nuvens brancas que contrastam com sua pele e rosto, ao fundo encontra-se um pôr do sol em tons de laranja e levemente avermelhados.
Em se falando de sociedade do consumo e escassez dos recursos naturais, podemos nos lembrar de um dos grandes marcos da história no século XVIII - A Revolução Industrial - período em que foi fomentado de forma intensa e irracional o consumo pelos recursos naturais, causado pelo crescimento exponencial da população humana e pela crescente demanda por alimentos. Desde então, a cultura do consumismo está inserida na sociedade, de forma que o consumo é incentivado com o propósito de estimular o progresso das nações, utilizando o meio ambiente como toda e principal fonte de recursos para nós humanos, tais recursos esses, totalmente finitos.
Esse consumismo diário e o uso descontrolado de combustíveis fósseis são agentes da destruição do planeta juntamente a um grande responsável: o agronegócio. A criação de animais em massa é causadora de várias mudanças no meio ambiente, é responsável pela liberação do CO2 e do Metano que contribuem para o efeito estufa, por 30% do consumo de água do mundo, ocupa 45% do espaço na Terra, causou 91% da destruição na Amazônia, extinguiu espécies e habitats.
No documentário Cowspiracy – O Segredo da Sustentabilidade (2014) o cineasta Kip Anderson e o cinegrafista Keegan Kuhn abordam esse cenário na tentativa de entrar em contato com diversas ONG’s ambientalistas a nível mundial e pessoas influentes na discussão. Kip analisou a postura das grandes ONG’s e nenhuma delas estava dando a devida importância para a degradação do meio ambiente causada pela pecuária, devido à economia e capital que gira em torno das nações através da criação de gado, porém muito além da exploração animal: a criação de gado promove consumo de recursos naturais e danos ambientais em escala estratosférica.
Sendo assim, Kip através de pesquisas e infográficos bem didáticos nos esclarece vários pontos, com o intuito de apontar os benefícios de uma dieta vegetariana ou melhor ainda vegana, para a saúde humana. Ele fez um estudo que classificou as carnes processadas como cancerígenas e a carne vermelha como potencialmente cancerígena, simultaneamente com uma série de outras informações muito importantes que podemos encontrar no documentário:
Uma exploração agrícola com 2,5 mil vacas leiteiras produz a mesma quantidade de resíduos que uma cidade de 411 mil pessoas.
Os EUA poderiam alimentar 800 milhões de pessoas com grãos que o gado consome.
A pecuária e seus derivados são responsáveis por, pelo menos, 32 milhões de toneladas Co² por ano, ou 51% de todas as emissões de gases de efeito estufa em todo o mundo;
Um hambúrguer exige 660 litros de água para ser produzido, o equivalente a dois meses de banhos de chuveiro;
2.500 litros de água são necessários para produzir 1 kg de carne;
A exploração excessiva dos mares indica que em 2048 não haverá mais peixes comestíveis no mar;
A agropecuária é responsável por 91% da destruição da amazônia;
Mais de 6 milhões de animais são mortos por hora para alimentação humana;
A produção de alimentos vegetais exige muito menos espaço de terra do que a produção de alimentos de origem animal;
Por dia, uma pessoa que come uma dieta vegana poupa 1.100 litros de água, 45 quilos de cereais, 2,79 m² de terrenos florestais, 9 kg de Co² e a vida de um animal.
Portanto, a mensagem que Cowspiracy nos deixa é que falar de sustentabilidade num mundo onde praticamente tudo é medido através do dinheiro, torna-se utopia. Kip Anderson também nos deixa o desafio e a importância de reduzirmos o consumo de carne para salvar nosso planeta, pois não existe uma indústria que prejudique tanto o meio ambiente como esta, que comer também é um ato político e que ao decidirmos o que está presente em nossa alimentação, também estamos decidindo o rumo que nosso planeta irá tomar futuramente.
Stephanie Gabriele Mendonça de França
Graduanda em Engenharia de Produção (POLI/USP) e bolsista do Projeto CineGRI Ciclo 2019/2020.
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