top of page
  • Foto do escritorCineGRI

TITO E OS PÁSSAROS E SUAS SEMELHANÇAS COM O BRASIL DE BOLSONARO



#ParaTodosVerem: Banner do filme “Tito e os Pássaros (2018)”, a imagem apresenta o menino Tito (vestido de moletom verde escuro e bermuda preta) e sua amiga Rosa (de camiseta amarela e calça marrom) no meio da composição, envolta de pássaros e um cenário pintado com técnicas expressionistas em cores quentes (amarelo e laranja), além de mostrar os nomes dos diretores acima, as premiações que recebeu e o nome “Tito e os pássaros” no centro. Disponível: https://br.web.img3.acsta.net/pictures/18/12/19/19/48/4177869.jpg


A animação brasileira "Tito e os Pássaros", dirigida por Gustavo Steinberg e lançada no ano de 2018, conta a história de Tito, um menino cujo pai, que é um cientista, está construindo uma máquina para tentar entender a "língua dos pássaros", pássaros quais tiveram um papel fundamental nas sociedades, protegendo humanos de catástrofes, guerras e no desenvolvimento da comunicação humana.


Porém, essa máquina acaba tendo problemas e um grande acidente acontece, colocando a vida de Tito em risco. Mesmo assim, o garoto tenta novamente reproduzir a máquina de seu pai, mas sem sucesso. Enquanto esse evento ocorre, o planeta está sendo contaminado por um surto, como uma grande epidemia. Sendo assim, as pessoas que contraem essa doença ficam paralisadas até se transformarem em pedras gradativamente. Dentro dessa obra, desenvolvida durante mais de 8 anos e sendo produzida por mais de 120 pessoas, é possível destacar uma narrativa heróica, onde o menino, o único que não sente medo, fica sendo responsável por tentar achar uma cura para acabar com esse surto. Os personagens que adoecem, representam de certa forma, o indivíduo moderno dentro da sociedade, perdendo cada vez mais seu valor social e se desfazendo, até se tornar um um objeto inanimado (pedra).


Trazendo um pequeno paralelo com o mundo real, em 2020, começamos a lidar com uma nova doença que redefiniu totalmente a forma de nossa sociedade, a COVID-19. Dessa forma, é interessante ressaltar que a pandemia no Brasil, quando transversalizada por marcadores sociais, principalmente de classe e raça - segundo artigo científico - se propagou de uma forma muito rápida, não só pelas características da doença em si, mas por ter começado com as classes economicamente favorecidas, as quais estavam viajando ao redor do mundo e que trouxeram o vírus para as classes mais baixas, evidenciando as desigualdades sociais à medida em que a doença avançava, os casos ficaram mais controlados nas camadas mais altas e terminaram em um grande surto nas periferias. Assim como no filme, onde uma redoma foi construída envolta de um condomínio para que ricos ficassem mais protegidos do surto, enquanto nos grandes centros e periferias o caos tomava o controle.


Além desse ponto, o filme traz como pano de fundo a manipulação midiática para a propagação do medo e/ou informações falsas a respeito do surto, nas esferas mais íntimas da sociedade, que acabou se tornando um ambiente propício para a divulgação de pensamentos retrógrados e equivocados, como é o caso do Brasil e o presidente Bolsonaro, que mentiu mais de 4 vezes em seu primeiro pronunciamento oficial sobre a COVID-19, além de divulgar o enfrentamento com remédios sem eficácia comprovada na época e que continuaram sem eficácia após estudos. Ainda sim, mais para frente na cronologia pandêmica, duvidando da capacidade das vacinas recém criadas.


Outrossim, é possível estabelecer um paralelo entre o filme e a realidade brasileira com o surgimento de pessoas públicas que acabaram se tornando lideranças messiânicas, fazendo promessas de cura, como é o caso do apresentador fatalista no filme que divulgou o medo e o caos com a intenção de lucrar de alguma forma.


O enfrentamento de Tito, se tornou mais complexo do que deveria, assim como no Brasil de Bolsonaro, pois nesse caminho em busca da cura é possível observar um duelo entre a natureza da doença e a cultura do medo, que no filme são caracterizadas pela linguagem dos pássaros (como uma possível cura ou caminho para que as pessoas se conectarem umas às outras, que também podem ser comparadas às vacinas, por exemplo) e a linguagem midiática que fez a sociedade adoecer ao acreditar nas fake news utilizadas (a utilização de um kit de remédios sem eficácia como forma de cura).



Lucas Moreira Pinto, graduando em Sistemas de Informação pela EACH-USP



Referências Bibliográficas


Bolsonaro mentiu 4 vezes em pronunciamento sobre ações contra a COVID-19, atualizado em 24/03/2021. Disponível em: https://www.em.com.br/app/noticia/politica/2021/03/24/interna_politica,1249974/bolsonaro-mentiu-4-vezes-em-pronunciamento-sobre-acoes-contra-a-covid-19.shtml. Acesso em: 24/01/2022.


Animação nacional Tito e os Pássaros reflete sobre efeitos da cultura do medo, atualizado em 13/09/2018. Disponível em: https://revistacult.uol.com.br/home/tito-e-os-passaros-cultura-do-medo/. Acesso em: 24/01/2022.


Pandemia da Covid 19: refletindo as vulnerabilidades a luz do gênero, raça e classe, 25/09/2020 Disponível em: https://www.scielo.br/j/csc/a/bbcZzgN6Sns8mNPjKfFYRhb/?format=html&lang=pt. Acesso em: 24/01/2022


Conheça Tito e os Pássaros, a animação brasileira que deveria estar no Oscar, atualizada em 21/02/2019 Disponível em: https://www.omelete.com.br/filmes/conheca-tito-e-os-passaros-a-animacao-brasileira-que-deveria-estar-no-oscar. Acesso em: 24/01/2022



19 visualizações1 comentário

Posts Relacionados

Ver tudo
bottom of page